Como não se vive só de boas histórias, vou contar algo q me marcou muito.
Bem preimeiramente deixe eu dizer qual minha profisão.
Eu sou Oficial do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ), e posso dizer q sou um apaixonado pela minha minha profissão.
Não pela remuneração, nem mesmo pelo status q ela possa proporcionar, nem diria q é pela boa imagem perante a sociedade mas, para mim, o q mais me apaixona pelo q faço é o fato de poder ajudar o próximo, em situações em q este vê em vc sua única e última esperança.
No final de Junho, não me recordo bem a data, numa sexta-feira, estava de serviço no atual quartel q sirvo, 27º GBM - Araruama qnd por volta das 21h, depois de um dias bem cheio de chamados, entrou um pedido de socorro de colisão num local próximo ao quartel, na RJ 106, se não me engano, qnd cheguei até o local, comandando o socorro, deparei-me com uma cena um tanto qnt dramática: um carro completamente irreconhecível em q fora cortado de uma maneira q eu nunca havia visto antes, 1/3 do veículo (motor, painel, e banco do motorista) ficou na rodovia, enquanto q 2/3 (banco do carona, bancos de trás, teto do carro, e a traseira) foi parar no mato q ficava ao lado da rodovia.
Qnd desci da viatura já procurei saber onde encontravam-se as vítimas, os "paisanos" me disseram q estavam todos no mato.Com pouca visibilidade por não haver luz no local, adentrei junto a minha guarnição no mato pra prestar os primeiros socorros e fazer as extricações necessárias (ato conhecido como "retirar as ferragens das pessoas"). Encontrei um homem com um corte na cabeça (homem este q nasceu de novo, dado q encontrava-se no referido banco do motorista do 1/3 do carro q encontrava-se na estrada), gritando para q salvássemos sua esposa q estava caída próxima a ele no mato, qnd meus homens verificaram seus sinais vitais confirmaram q a mesma já encontrava-se na qualidade de vítima fatal, ou seja, estava morta.
Perguntei ao desesperado homem se havia mais alguma vítima, este informou-me q sua sobrinha de 3 anos estava debaixo das ferragens q estavam no mato. Corri para aquele monte de metal retorcido a procura da menina com esperança de ainda encontrá-la viva mas, ao verificar q a mesma não estava nas ferragens, conclui q deveria ter sido ejetada do veículo no momento da colisão.
Começamos a procurar no mato e em menos de 30 seg, meu sargento encontrou-a. Realizamos a avaliação primária e constatei q a mesma estava com um grande corte na cabeça, um provável TCE, vale ressaltar q "corri" pra este chamado sem minha ASE (ambulância), já q a mesma estava empenhada em outro evento e, dado a gravidade do caso da criança, resolvi encaminhá-la ao hospital na minha viatura, q não é a mais apropriada, mas oferece recursos necessários básicos para este tipo de remoção, uma vez q não sabia qnt tempo minha ASE demoraria pra chegar ao local e por saber q pronto-socorro ficava perto do local da colisão.
Imobilizei sua coluna cervical, coloquei-a numa prancha e corri para estrada para remove-la, mas por uma coicidência divina, neste momento, estava passando pelo local uma ambulância da prefeitura, fiz esta parar e perguntei pelo médico, o motorista dise-me q não havia médico nem infermeiro, somente ele.
Coloquei a menina dentro da ambulância e, como não havia mais vítimas no local, fui eu mesmo imobilizando sua cervical e tentando fazer a manutenção de seus sinais vitais, acompanhado do Cb BM Charles e, qnd chegamos ao hospital, grande foi minha surpresa ao perceber q não havia um leito vazio e o espanto dos médicos ao constatarem q era uma criança. Como se os mesmos não estivessem preparados emocionalmente para tratar de um caso tão bárbaro...
Gritei um poco com os médicos, até eles começarem, a tomar as providências para atender a menina e deixei-a lá, com a esperança de q algo ainda pudesse ser feito para salvar sua vida.
Porém, o q soube minutos depois foi q, infelizmente, esta criança não conseguiu sobreviver, apesar de ter chegado com vida ao hospital.
Triste, muito triste mesmo.
Apesar de meu trabalho me fazer viver constantemente em proximidade com o sofrimento e a morte de meus semelhantes, qnd sinistros acontecem com crianças e idosos, mexem muito comigo.
Ainda mais qnd dou meu melhor e vejo q não foi suficiente pra salvar aquela vida.
Mas como sabemos q isto só cabe a Deus, tento me conformar, mas reconheço q é um pouco difícil ver, como neste caso, uma criança totalmente inocente perder sua vida assim, de maneira trágica e repentina.
É uma uma história triste, mas este post serve como uma lembrança para mim e, de certa maneira, como um desabafo.
Valeu.
Comentem, por favor.
Até a próxima...